Após 130 anos da abolição da escravidão no Brasil, que tipo de liberdade nos é oferecida?
- Elizabeth Souza
- 14 de mai. de 2018
- 2 min de leitura

“É declarada extinta desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil”, são essas as palavras introdutórias que compõem um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Lei Áurea. A princesa Isabel, após a assinatura do documento, em 13 de maio de 1888, decretou que havia chegado o momento tão esperado pelo povo escravizado, o que lhe rendeu a fama de redentora dos negros, como afirma Lilian M. Schwarcz em seu livro Brasil: uma biografia.
Mas será que o 13 de maio é, de fato, uma data para se comemorar? A resposta é simples e dolorosa: não! Hoje é uma data para se relembrar a luta dos nossos antepassados e, junto a memória de cada um deles, também continuar resistindo ao sistema racista. Os motivos para isso não são difíceis de compreender, basta perceber as injustiças atuais as quais o povo negro ainda é submetido.
13 de maio pra quem?
No Brasil, o sistema escravocrata durou três séculos, um longo período de massacres e injustiças. Os negros, após sequestrados de suas terras, quando aqui chegavam logo eram submetidos a condições insalubres de trabalhos, o que afetava diretamente as condições físicas e de saúde de cada um deles. A eles também eram negados direitos básicos como a educação, a saúde e a moradia.
Após a Lei Áurea, a promessa de “liberdade” tornou-se mais uma forma de renegar ao povo negro os direitos a uma vida digna. Com a abolição da escravidão, os senhores de engenho não se viam mais responsáveis pelos libertos, não havendo, dessa forma, uma efetiva libertação, mas sim uma forma de lançar os negros a uma sociedade que não estava interessada em lhes oferecer condições dignas para se manterem enquanto cidadãos.
Tais impactos são sentidos e vividos até hoje. Não é à toa que, mesmo em um país onde mais da metade da população é negra, de acordo com o IBGE 2016, ainda haja ampla desigualdade entre brancos e negros no que diz respeito a renda, educação, saúde e moradia. O racismo velado que encobre o Brasil, faz com que a sociedade não queira perceber os números alarmantes que comprovam as situações preocupantes que envolvem a população negra.
De acordo com dados do Atlas da Violência 2017, os negros continuam sendo as maiores vítimas de violência no Brasil. Segundo a pesquisa, a cada 100 pessoas que morrem no país, 71 são negras. Os negros também continuam sendo maioria nos presídios brasileiros, de acordo com o Infopen (2016), o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, 64% dos presos são negros.
Liberdade pra quem? 13 de maio pra quem? As desigualdades, injustiças e violências oriundas de tempos distantes permanecem hoje, o racismo ainda continua ceifando vidas e ditando padrões. 13 de maio não é data comemorativa, é dia de luta e resistência, de renovar as forças necessárias para amanhã e os dias vindouros. Vamos junt@s!
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